Quando concebemos esta publicação, Belo Horizonte estava prestes a completar 120 anos. Nossa ideia era circular pela cidade e olhar para seu potencial turístico, mas pensando sempre nos próprios moradores. 121 lugares de Belo Horizonte no século 21: era essa a premissa.

Veio a pandemia e alguns dos nossos planos foram jogados abaixo, a começar pelo formato que imaginamos: uma tiragem impressa e distribuída gratuitamente nos lugares citados pela publicação. Às vésperas do envio do nosso projeto para a gráfica, fomos forçados ao isolamento e levados a repensar todo o conceito e a função social do guia da vai ter, nossa agenda semanal de eventos. Naquele momento, fazia sentido pensar em turismo?

Nossa preocupação também recaiu sobre os lugares que escolhemos: será que eles seriam capazes de sobreviver a esse período sem renda? A vai ter prioriza espaços independentes, tocados por amigos, familiares, pessoas da cidade. Então, a gente já sabia que alguns deixariam de existir. Diante desse cenário, além de dar visibilidade, o que poderíamos fazer para tentar ajudar? A resposta já estava, de alguma forma, na ideia inicial. Bastou enxergar: Memória.

Com o passar dos meses em isolamento, ficou cada vez mais evidente a noção de que esse período seria mais duradouro do que jamais imaginávamos no início de 2020. E que, sim, os lugares que fotografamos e sobre os quais escrevemos poderiam não sobreviver, mas ficariam marcados como espaços fundamentais para a cultura de Belo Horizonte num momento pré-pandemia. E que valia a pena ainda falar sobre eles, mesmo que eles não retornassem.

Por isso, convidamos você a passear pela cidade. Alguns desses lugares não resistiram aos desafios impostos pela pandemia: passeie por eles por aqui.

Como ler este guia?

Quem acompanha a vai ter já sabe: nossa seleção – aqui e na agenda – pretende sempre abranger espaços em todas as regionais de BH e também da Região Metropolitana. Sabemos que nem sempre é possível escapar da Centro-Sul e da Leste, que concentram boa parte das ofertas culturais. Mas, sempre que dá, fugimos a estas escolhas. Por isso, não espere uma lista só dos lugares da moda – você não precisa da vai ter para ter acesso a isso. Nossa seleção é um recorte. Além do nosso olhar como profissionais da cultura, ela tem um quê de pessoal. Obviamente, também reflete o olhar da vai ter e de quem a lê (obrigado pelas indicações!). Nós frequentamos estes lugares.

Muitos espaços que representavam propostas inovadoras para a cidade, e foram geridos por pessoas inspiradoras, fecharam em razão da pandemia. Muitos abriram recentemente e já fecharam. No entanto, eles foram mantidos na publicação. Acrescentamos também alguns locais que fecharam há mais tempo, mas que tiveram uma contribuição simbólica para Belo Horizonte nessas duas décadas.

Um aspecto que merece atenção é o dos estabelecimentos gastronômicos que operaram exclusivamente por delivery. No isolamento, com limitadas ofertas culturais ou atividades restritas ao ambiente doméstico, o delivery ganhou protagonismo. O elo que nos conecta com o bar do nosso coração é aquela comida que chega em uma marmita. Destacam-se também novas iniciativas surgidas em 2020 e 2021, que já nasceram funcionando unicamente nessa modalidade, como uma experiência de café-da-manhã totalmente vegana e os quitutes portugueses entregues em casa. Com a pandemia, a distinção entre espaços físicos e serviços de entrega ficou turva: talvez esse seja um importante reflexo do tempo em que vivemos. Por isso, alguns deles estão distribuídos pelo mapa.

Nosso guia está em constante transformação, então sinta-se à vontade para sugerir espaços. Você também pode ler na ordem que propusemos: pensando um dia na cidade, do café da manhã até o fim de noite. Os textos do guia também estão disponíveis em inglês e espanhol, em pdf.

Danielle Pinto e Marcelo Santiago

Ficha técnica

Idealização / Marcelo Santiago e Danielle Pinto
Textos / Danielle Pinto, Marcelo Santiago e Paulo Proença
Site / Marcelo Santiago
Preparação de textos / Prussiana Fernandes
Revisão de textos / Douglas Cristiano Silva
Tradução para espanhol / Mary Justo
Tradução para inglês / Júlia Mazzocante
Ilustrações dos ícones / Pedro Hamdan
Realização / vai ter